Sempre no mesmo lugar, na mesma hora....anos após anos, à espera.....do que? De que?
Ficava ele a cismar, debaixo daquele carvalho antigo, naquela imensa planície verde, fumando seu cigarrinho de palha.
Os anos passaram e ele nem percebeu que a vida mudara, que não era mais aquilo e que ela não voltaria mais... mas,,,,esperava, cismava, sonhava.....onde andaria aquela que era dona dos seus mais secretos sentimentos? Por que deixara de fazer parte do seu cotidiano?
O s pássaros já tinham se acostumado com a sua presença ao final de cada tarde e até vinham ciscar por perto e se recolher naquele carvalho, parece que até esperavam por um final feliz ou quem sabe, gostavam daquela mesmice diária;
Mas naqueles momentos, depois de um dia de afazeres na velha fazenda, ele voltava seus pensamentos para o que já não mais existia. A casa cheia de movimentos, de tagarelices, de risadas e até de problemas grandes, pequenos e de toda a sorte de atividades.
Relembrava do Pedro brincando com a terra, construindo novas figuras de barro e que com seu giz desenhava mundos imaginários e de conquistas... Há quanto tempo não o via. Andava ele muito ocupado com a vida, com a cidade, com os barulhos, com a correria e vez por outra ligava para saber daquele que lhe dera a vida.
E Mari, por onde andaria aquela tagarela, aquela que sempre estava dançando e fazendo piruetas pelos cantos da casa, enchendo o ar com sua voz forte e vibrante? Logo lhe vinha a mente o balanço que,. de um lado para o outro carregava os devaneios da menina, os momentos de pura liberdade e fantasia. A vida a levara para terras distantes em viagens com grupo de artistas. Estaria feliz?
Lala se fora mais cedo para aprimorar seus conhecimentos nas grandes artes musicais e vocais. Viajava levando sua voz e sua arte por várias comunidades do mundo.
Um ano? Dois? Não lembrava mais da última vez que a vira, tão viçosa, linda, carregada de energia própria da juventude.
Mas a criadora de todas estas alegrias, a base, o esteio destes acontecimentos, já se fora para outras dimensões, e só o pensamento dele poderia alcançá-la e desejá-la presente. Mas ela estava lá, naquele por de sol, naquela quietude da planície, a vigiar, a esperar, a preencher aqueles momentos que o separavam da eternidade.
Acabou o cigarrinho, o sol já se despede, o frio se aproxima com a lua e a noite. Lentamente ele se levanta e caminha na semi-escuridão à espera de outro poente, de outras lembranças e quem sabe da sua passagem para o infinito, para fazer parte dos milhares de pontos luminosos que brilham nas noites escuras...
Nenhum comentário:
Postar um comentário